2º ANO
INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS ROMÂNTICOS
01.
Leia o texto abaixo para em seguida responder à questão proposta:
O romantismo no Brasil encontrou
no "mito do bom selvagem" uma maneira de enaltecer a cultura
nacional. A produção com temática indígena ficou conhecida como
"indianista".
Como contraposição ao português,
nosso conquistador e colonizador, ou mesmo ao europeu, e devidamente
distanciado do negro escravo, também "estrangeiro", o índio tornou-se
o símbolo do homem brasileiro, de sua origem e originalidade, de seu caráter
independente, puro (de "bom selvagem"), bravo e honrado.
Ressalve-se, porém, que esse
índio é compreendido através da óptica idealizadora do romantismo e está longe
de corresponder a uma aproximação da realidade do índio brasileiro. Simboliza,
antes, os ideais de heroísmo e humanidade das camadas cultas de nossa sociedade
imperial.
No Romantismo europeu, esse
papel foi exercido pela figura do cavaleiro medieval, personagem histórica da
época de origem e formação das nações européias, que desempenhou o papel de
herói em várias obras literárias.
Substancialmente, o
Indianismo está presente em nossas obras literárias românticas, enquanto idealização
e valorização do índio, e também enquanto registro ou invenção imaginária de
seu modo de vida, costumes e crenças, bem como de sua linguagem. Na época,
tiveram impulso os estudos da língua tupi antiga, cujos vocábulos foram a
partir de então aos poucos integrando a linguagem culta do Português escrito no
Brasil.
Os exemplos mais evidentes
e significativos desse Indianismo podem ser encontrados na poesia de Gonçalves
Dias e na prosa de José de Alencar.
QUESTÃO
1
A
partir das discussões realizadas em sala de aula sobre o poema “I – Juca
Pirama” de Gonçalves Dias, explique – através de um pequeno texto - porque o
índio retratado nesta obra pode ser considerado o típico herói brasileiro.
QUESTÃO
2
“O romantismo trouxe grande contribuição para
construção da nação brasileira”. Justifique a afirmativa.
02. O texto a seguir refere-se às questões de
1 a 3.
Marabá
Eu vivo sozinha, ninguém me procura!
Acaso feitura
Não sou de Tupá!
Se algum dentre os homens de mim não se
esconde:
— "Tu és", me responde,
"Tu és Marabá!"
— Meus olhos são garços, são cor das safiras,
— Têm luz das estrelas, têm meigo brilhar;
— Imitam as nuvens de um céu anilado,
— As cores imitam das vagas do mar!
Se algum dos guerreiros não foge a meus
passos:
"Teus olhos são garços",
Responde anojado, "mas és Marabá:
"Quero antes uns olhos bem pretos,
luzentes,
"Uns olhos fulgentes,
"Bem pretos, retintos, não cor
d'anajá!"
— É alvo meu rosto da alvura dos lírios,
— Da cor das areias batidas do mar;
— As aves mais brancas, as conchas mais puras
— Não têm mais alvura, não têm mais brilhar.
Se ainda me escuta meus agros delírios:
— "És alva de lírios",
Sorrindo responde, "mas és Marabá:
"Quero antes um rosto de jambo corado,
"Um rosto crestado
"Do sol do deserto, não flor de
cajá."
[...]
— Meus loiros cabelos em ondas se anelam,
— O oiro mais puro não tem seu fulgor;
— As brisas nos bosques de os ver se enamoram
— De os ver tão formosos como um beija-flor!
Mas eles respondem: "Teus longos
cabelos,
"São loiros, são belos,
"Mas são anelados; tu és Marabá:
"Quero antes cabelos, bem lisos,
corridos,
"Cabelos compridos,
"Não cor d'oiro fino, nem cor
d'anajá,"
E as doces palavras que eu tinha cá dentro
A quem nas direi?
O ramo d'acácia na fronte de um homem
Jamais cingirei:
Jamais um guerreiro da minha arazóia
Me desprenderá:
Eu vivo sozinha, chorando mesquinha,
Que sou Marabá!
Marabá: mistura de índio e branco.
Tupá: Tupã. Gonçalves Dias altera a redação da
vogal final para garantir que o termo rime com “Marabá”.
Garços: de cor azul-esverdeada.
Anojado: entristecido.
Fulgentes: brilhantes.
Anajá: tipo de palmeira.
QUESTÕES
1. Quais são as características físicas de
Marabá?
a) A que ideal de beleza essas
características correspondem?
2. Desprezada por seu povo, Marabá reproduz
as falas dos homens da tribo que fogem do contato com ela. Explique, com base
nessas falas, por que a índia é desprezada.
a) Que elementos, presentes nessas falas,
comprovam desprezo?
3. Esse poema, embora relacionado ao
indianismo, apresenta tom mais lírico e confessional. Que sentimento domina o
eu lírico? Justifique com elementos do poema.
a) Na linguagem utilizada e no conteúdo,
quais os elementos do poema que mostram que ele pertence à primeira geração da
poesia romântica?
Minha
musa é a lembrança
Dos sonhos em que eu vivi,
É de uns lábios a esperança
E a saudade que eu nutri!
É a crença que alentei,
As luas belas que amei
E os olhos por quem morri!
Os meus cantos de saudade
São amores que eu chorei,
São lírios da mocidade
Que murcham porque te amei!
Dos sonhos em que eu vivi,
É de uns lábios a esperança
E a saudade que eu nutri!
É a crença que alentei,
As luas belas que amei
E os olhos por quem morri!
Os meus cantos de saudade
São amores que eu chorei,
São lírios da mocidade
Que murcham porque te amei!
As minhas notas ardentes
São
as lágrimas dementes
Que em teu seio derramei!
Que em teu seio derramei!
Álvares
de Azevedo “Lira dos vinte anos”
a)
Quais as características românticas presente no texto.
b)
Explique a relação amor X passado
retratado no texto.
Senhor
Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus,
Se é loucura… se é verdade
Tanto horror perante os céus?…
Ó mar, por que não apagas
Co’a esponja de tuas vagas
Do teu manto este borrão?
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!…
Dizei-me vós, Senhor Deus,
Se é loucura… se é verdade
Tanto horror perante os céus?…
Ó mar, por que não apagas
Co’a esponja de tuas vagas
Do teu manto este borrão?
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!…
Que
são estes desgraçados
Que
não encontram em vós,
Mais
que o rir calmo da turba
Que
excita a fúria do algoz?
Quem
são? Se a estrela se cala,
Se
à vaga pressa resvala
Como
um cúmplice fugaz
Perante
a noite confusa…
Vocabulario
:
Vaga: tipo de onda
Turba: muldidão
Castro
Alves “ Navio Negreiro”
01.
O que o poeta está querendo retratar.
02.
Cite características românticas no texto.
05.Sobre
a prosa romântica responda .
A Moreninha
Joaquim Manuel de Macedo
D. Carolina passou uma noite cheia de pena e de
cuidados, porém já menos ciumenta e despeitada; a boa avó livrou-a desses
tormentos. Na hora do chá, fazendo com habilidade e destreza cair a conversação
sobre o estudante amado, dizendo:
- Aquele interessante moço, Carolina,
parece pagar-nos bem a amizade que lhe temos, não entendes assim?...
- Minha avó...eu não sei.
- Dize sempre, pensarás acaso de maneira
diversa?...
A menina hesitou um instante e depois
respondeu:
- Se ele pagasse bem, teria vindo domingo.
- Eis uma injustiça, Carolina. Desde
sábado à noite que Augusto está na cama, prostrado por uma enfermidade cruel.
- Doente?! Exclamou a linda Moreninha,
extremamente comovida. Doente?...em perigo?...
- Graças a Deus, há dois dias ficou livre
dele; hoje já pôde chegar à janela, assim me mandou dizer Filipe.
- Oh! Pobre moço!... se não fosse isso,
teria vindo ver-nos!...
E, pois, todos os antigos sentimentos de
ciúme e temor da inconstância do amante se trocaram por ansiosas inquietações a
respeito de sua moléstia.
No dia seguinte, ao amanhecer, a amorosa
menina despertou, e buscando o toucador, há uma semana esquecido, dividiu seus
cabelos nas duas costumadas belas tranças, que tanto gostava de fazer ondear
pelas espáduas, vestiu o estimado vestido branco e correu para o rochedo.
- Eu me alinhei, pensava ela, porque
enfim... hoje é domingo e talvez... como ontem já pôde chegar à janela, talvez
consiga com algum esforço vir ver-me.
E quando o sol começou a refletir seus
raios sobre o liso espelho do mar, ela principiou também a cantar sua balada:
“Eu tenho quinze anos
E sou morena e linda”.
Mas, como por encantamento, no instante
mesmo em que ela dizia no seu canto:
“Lá vem sua piroga
Cortando leve os mares”
Um lindo batelão apareceu ao longe, voando com asa intumescida para a
ilha.
Com força e comoção desusadas bateu o
coração de d. Carolina, que calou-se para empregar no batel que vinha atentas
vistas, cheias de amor e de esperanças. Ah! Era o batel suspirado.
Quando o ligeiro barquinho se aproximou
suficientemente, a bela Moreninha distinguiu dentro dele Augusto; sentado junto
a um respeitável ancião, a quem não pôde conhecer (...).
(...)
Augusto, com efeito, saltava nesse momento
fora do batel, e depois deu a mão a seu pai para ajudá-lo a desembarcar; d.
Carolina, que ainda não mostrava dar fé deles, prosseguiu seu canto até que
quando dizia:
“Quando há de ele correr
Somente para me ver...”
Sentiu que Augusto corria para ela. Prazer imenso inundava a alma da
menina, para que possa ser descrito; como todos prevêem, a balada foi nessa
estrofe interrompida e d. Carolina, aceitando o braço do estudante, desceu do
rochedo e foi cumprimentar o pai dele.
Ambos os amantes compreenderam o que
queria dizer a palidez de seus semblantes e os vestígios de um padecer de oito
dias, guardaram silêncio e não tiveram uma palavra para pronunciar; tiveram só
olhares para trocar e suspiros a verter. E para que mais?
01. D. Carolina estava atormentada pelo ciúme e despeito devido
a) as conversas que ela tinha com a avó.
b) ao não comparecimento de Augusto a sua casa.
c) as informações que Filipe deu sobre Augusto.
d) ao bom conceito que a avó tinha de Augusto.
02.A conversa entre d. Carolina e sua avó sobre o estudante amado pela
jovem foi
a) esclarecedora b)
desmotivante c)
entediante d)
animadora
03. O ciúme e o despeito de d.Carolina foi substituído
a) pela esperança e serenidade diante das informações dadas pela avó.
b) pelo alívio e tranqüilidade por causa do recado de Filipe.
c) pelas ansiosas inquietações a respeito da doença de Augusto.
d) pela culpa de ter julgado mal seu amado.
04. A menina voltou a arrumar-se pois
a) queria ir visitar o amado.
b) tinha esperança de ser visitada pelo amado.
c) recuperou-se do ciúme e do despeito.
d) foi aconselhada pela avó a cuidar-se.
05. “Com força e comoção desusadas bateu o
coração de d. Carolina...”, o termo em destaque significa
a) enormes b)
constantes c)
incomuns d)
reais
06. O reencontro de d. Carolina e Augusto foi
a) cheio de declarações de amor.
b) cheio de questionamentos.
c) marcado pela indiferença e dúvidas.
d) marcado pela troca de olhares e suspiros.
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